Existe um fenômeno irritante que parece ter piorado de uns tempos para cá, você pode constatá-lo ao folhear as principais revistas e jornais brasileiros, bem como publicações menores e menos importantes.
Em um primeiro momento temos a impressão de que existe um fotógrafo quase milagroso, que consegue publicar fotos das mais diversas, nas mais diferentes pautas e em todas as publicações. Seu nome: Divulgação.
Mas espere um pouco, desde quando divulgação é nome?
Acontece com uma freqüência absurda. Que uma vez ou outra, na correria do fechamento de uma publicação, não consigam descobrir o nome do autor de uma foto e resolvam colocar o famigerado “divulgação” eu tento entender, mas acontece em quase metade das fotos publicadas, o que mostra na verdade um tremendo desrespeito.
Além de anti-ético, essa atitude é ilegal. O crédito ao autor da imagem é uma obrigação de quem publica, não apenas um direito do fotógrafo. O mesmo vale para ilustradores e cinegrafistas.
Eu não trabalho com fotojornalismo e quase nunca para editoriais em revistas, mas tenho diversos amigos nessas áreas. Constantemente os vejo reclamando que alguma foto saiu com destaque em algum lugar mas sem os créditos.
Por medo de perder o já escasso ganha pão a maioria não briga por seus direitos e não processa os publicadores, estes por sua vez, mesmo cientes das obrigações legais, mantêm-se confortáveis pois sabem que os fotógrafos precisam do trabalho.
No mercado publicitário, com o qual convivo diariamente, é raro haver algum crédito ao fotógrafo, mas aqui há uma explicação plausível. De forma geral uma campanha não é fruto de uma pessoa, mas de um processo criativo que envolve diretor de arte, redator, assistente, produtor, designer, fotógrafo e logicamente o cliente. Uma campanha é um produto coletivo e leva a assinatura da agência que reuniu toda a equipe.
É bom que se diga que em alguns trabalhos do mercado publicitário deveria haver crédito, pois existem peças e campanhas totalmente centradas na fotografia. Pelo menos não usam o famoso “divulgação”.
De volta ao mundo editorial, outro fator importante é que notícia com foto tem maior índice de leitura e atenção do que as publicadas apenas com texto, assim como uma nota de imprensa com foto é sempre um trunfo para as assessorias quando chega a hora de cobrar valores maiores de seus clientes. Por esses motivos passou da hora de valorizarem e creditarem os fornecedores de algo com tamanha importância.
Inicio aqui uma campanha: Fotógrafo tem nome e não é divulgação.
Aos amigos leitores, fotógrafos, especialmente os de jornalismo e editoriais, fiquem à vontade para usar o slogan acima, ou este texto inteiro se acharem útil, pois de alguma forma esse péssimo costume de não creditar os autores terá de parar.
Autor: Armando Vernaglia Jr.
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